Os monges estão ajoelhados e chorando.
O hospital tem paredes sujas de um certo e esverdeado branco, meio que doente. A casa da cura está morrendo.
Ando pelos corredores lotados e sei para onde estou indo.
O corpo está deitado ao chão e é por ele que rezam os monges de cabelo raspado e roupas laranja.
É uma mulher e eu a conheço, vim por ela, e por ela estou parado em pé diante de centenas de monges que não sei de onde vieram, nem como cabem.
Três deles tem detalhes negros nas roupas e são os únicos que parecem ter direito a tocar o corpo, mas ainda assim não o fazem.
Ela está morta?
Está.
Todos estão morrendo, já contamos muitos.
Todo o hospital está tomado por corpos que choram e velam pelos seus.
Os monges velam por ela.
Eu a conheço.
De alguma forma a conheço, li tudo que ela escreveu e a adorei em um completo estranhamento.
Li tudo que ela disse, pensou e foi.
Agora sei que ela é escritora.
Um dos monges levanta e assina um papel.
Sento-me ao lado dela e penso que bom seria se estivesse viva.
Todo o corpo dela treme em espasmos, ela agarra meus ombros abre os olhos - que são azuis - e diz-me com milhares de palavras em uma única algo que só poderia traduzir por:
- A vida é um fim em si só.
Tremo, choro, grito.
Ela está morta.
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Um comentário:
Se meus sonhos resultassem em bons textos, eu adoraria sonhar.
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